O Brasil começa a direcionar um 2014 de crise como muitos
já previam no início do ano. Período de muitos feriados prolongados, copa do
mundo e eleições. Saber até que ponto a economia do país e as finanças dos
brasileiros serão afetadas é quase impossível de se prever neste momento, mas,
alertas e orientações para passar pelo período de crise já podem ser
direcionados.
EMPREGABILIDADE
Alguns setores da economia já passam por uma desaceleração.
Alguns setores como indústria de bens e comércio de vestuário já estão ligando
o pisca alerta de perigo”. Essa é a consequência do primeiro semestre de 2014.
Diversos especialistas, inclusive eu, acreditam que o segundo semestre sofrerá
o efeito cascata do primeiro semestre: envolverá possivelmente toda a cadeia de
stakeholders dos afetados no primeiro
semestre – fornecedores e empregados.
Alguns setores conseguirão manter o quadro de
colaboradores, outros realmente terão que fazer ajustes nos seus custos fixos
para suportar o restante do ano. Para o
empregado existem duas hipóteses:
1A.:
permanecer no quadro reduzido da empresa: quando as empresas reduzem o
quadro de funcionários e mantem as atividades, obviamente os colaboradores que
permaneceram na empresa terão que absorver os trabalhos dos demais colegas que
partiram. Isso não implica em aumento salarial. Somente aumento de carga de
trabalho. Se o interesse do colaborador é se manter na empresa, este deve “arregaçar
as mangas”, procurar aprender as rotinas o mais rápido possível, até se
especializando em cursos de reciclagem. Demonstrar desconforto ou insatisfação
não é recomendado.
2A.:
rescisão do contrato de trabalho: é importante fazer um planejamento de
caixa com o objetivo de manter-se financeiramente estável por seis a oito
meses, período que achamos que a economia se restabelecerá. Nessa hora, contar
com o apoio de uma consultoria financeira pessoal é válido. Algumas dicas podem ser seguidas: renegociação de dívidas
de curto prazo para longo prazo, carência de pagamentos de alguns empréstimos e
ou contratos por alguns meses para ter sobra de caixa para possíveis
imprevistos, mudança de hábito de vida tais como passeios, jantares e festas,
e, acima de tudo, já buscar recolocação desde o início do desemprego não
esperando o mercado se aquecer para isto. Ouço muitas pessoas dizendo: “vou
procurar emprego só quando chegar as ultimas parcelas do seguro desemprego” ou
quando descansar bastante. Ouça: Essa
regra não se aplica neste momento! Não quero dizer que não conseguirá emprego
nos próximos meses, mas peço apenas para ser prudente e trabalhar com o pior
cenário possível.
Outra regra que se aplica a todos dos itens acima,
empregados ou desempregados é evitar o consumo desnecessário e financiamentos /
parcelamentos de compras: isto pode acarretar uma inadimplência com inscrição
nos órgãos de proteção ao crédito, o que pode prejudicar seu nome numa
oportunidade de emprego. Os juros
praticados nos parcelamentos tendem a aumentar.
INVESTIMENTO SEM RISCO
Para quem está com as finanças
controladas, o prudente é aplicar e investir mais, dessa vez em papéis mais
seguros como a boa e velha caderneta de poupança com juros de 0,5% a.m. Alguns fundos de renda fixa como PGBL e VGBL
também rendem um pouco mais que a poupança: em média 0,7% a.m. a 0,8% a.m. e
também são classificados como baixo risco.
Se as finanças vão bem, e você,
sendo uma pessoa mais prudente, a regra permite você aumentar o
percentual/valor de suas aplicações.
POUPAR E POUPAR
Conforme disse no início do texto,
as empresas entram em recessão pois o consumo reduz. Um dos causadores é você
mesmo que começa a poupar. Infelizmente não é momento de agradar a “gregos e
troianos”. Poupe, poupe e poupe. Talvez seja momento de não comprar aquela casa
com juros pós fixados, de fazer aquela viagem internacional, ou de trocar o
carro. Quanto mais capital estiver reservado menor será a sua crise financeira /
pessoal.
E AS EMPRESAS: O QUE FAZER?
As empresas devem ter criatividade e
expertise para reduzir custos. Isso
depende de um bom planejamento de pessoas experientes na área quer sejam dentro
como fora da empresa. Cuidado com as
reduções porcas de custo que encontramos por aí, muito cuidado!
Em épocas e crise, todos dentro da
empresa passam por momentos tensos, desde de o baixo até o alto escalão e
muitas decisões erradas são tomadas neste momento. Percebemos com frequência
empresas que dispensam seus maiores talentos, experiências de longas datas que
carregam todo o conhecimento histórico e cultural da empresa, comprometendo
seriamente o processo produtivo. Isso implica num risco alto de insolvência,
fraudes e perdas financeiras na empresa.
As reservas também são
indispensáveis neste momento: trabalhar com baixo estoque (evitar compras e fazer com que estas acompanhem a evolução
do mercado) e não captar recursos em
instituições financeiras devido ao alto juros são estratégias que se bem
fundamentadas superam as crises.
Muitas pessoas logo quando percebem a crise procuraram
comprar para estocar antes que seus produtos sofram reajustes, porém esquecem
de analisar se tais produtos terão saídas no período da crise. O que muito
ocorre é vermos duplicatas chegando enquanto uma pilha de mercadorias estão
paradas no estoque devido a baixa saída. Muitas vezes é preferível reduzir a
margem de lucro comprando produtos com o custo mais caro, porém com garantia de
saída, do que empatar mercadoria no estoque e ter inúmeras duplicatas comprometidas
sem caixa. A consequência: a empresa só postergou sua dívida pois infelizmente
quando a situação chega a este ponto o recurso é captar capital em bancos a
juros mais altos.
Enfim, mais uma crise aponta no céu do Brasil e mais uma
vez não sabemos mencionar ser será apenas uma “marolinha”. Na dúvida, toda a
cautela, precisão e discernimento são fundamentais para superá-la com maior
tranquilidade evitando consequências e altos riscos futuros.
Shirley Cipriano
www.institutoie.com.br
Shirley Cipriano
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